Victor Leonardi

Este é o quarto livro de poesias de Victor Leonardi, publicado pela Editora Paralelo 15, Brasília – DF. Este livro foi escrito em 2008, quando o autor morava em Santa Catarina, na cidade de Florianópolis. Nele, alguns temas culturais e psicológicos estão presentes de forma sutil, como expressão de uma tênue atração filosófica pelo mystérion que a vida possui.

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 Soluções que não resolvem

 

Não procuro palavras, são elas que me acham, 

Mas investigo, sim, o desconhecido: 

Emboscada é a principal especialidade de um poeta. 

Quem trabalha para elevar o pensamento está participando de uma grande conspiração... 

Fui perdendo o rumo, 

Perguntando aqui e ali. 

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 Força criadora

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A letra A representa uma cabeça de touro, 

É o aleph, o número um, atributo de Deus. 

Já a letra N representa uma serpente... 

Serpente-vida, 

Psiquismo obscuro: 

Todo aquele que for mordido e a contemplar viverá.

 

 

 

Insistência diante do inevitável

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Dizem que o tempo é uma ilusão 

Porém são cinco para as oito e estou atrasado. 

Arte assustadora.

Devo morrer ou enlouquecer? 

Meus livros crescem como plantas, 

Subo por uma escada, em espiral, 

Até o livro mais alto, 

E continuo a reler o que sou.  

  

 

Para não esclerosar em nossos empregos

 

Palavras no começo, palavras no fim, 

Solidão infinita. 

Dizer disparates costuma ser necessário.

  

 

Grandiloquência não

 

Palavras altissonantes costumam ser chamadas de poesia. 

E a rima forçada, feita só para rimar, ainda é considerada (por incrível que pareça) necessária... 

As corujas desconfiam muito dessas rimas 

E gostam de quem fala baixinho, no escuro. 

Mas as rimas não-forçadas podem criar belas imagens, 

Os jardineiros sabem disso. Sabem muito bem. 

Som da cascata, ferradura do meu cavalo:

 A vantagem de ser inconsequente, 

Moderno e antimoderno, é esta: 

A beleza vem sozinha, por conta própria, 

Não é preciso atraí-la.

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