Victor Leonardi

A Amazônia Legal tem 5.033.072 km2 e representa 59.1% do território brasileiro. No entanto, apesar de sua extensão, importância estratégica, riqueza mineral extraordinário patrimônio natural (os maiores rios do planeta, a maior floresta equatorial do mundo, biodiversidade extraordinária), a Amazônia ainda não foi devidamente estudada. Quando comparada com a historiografia existente sobre o Nordeste, o Sudeste e o Sul da Brasil, a bibliografia dedicada aos estudos de História da Amazônia é pequena. No que se refere às fronteiras, ela é ainda menor. Existem vários estudos sobre cada uma das fronteiras em particular (isto é, sobre a fronteira de cada estado amazônico brasileiro com países vizinhos), mas este livro é uma das raras contribuições para o conhecimento da história das fronteiras como um todo, do baixo Oiapoque ao alto Guaporé.
Trata-se de um ensaio que oferece ao leitor a rara oportunidade de conhecer a vida em pequenas e remotas cidades brasileiras fronteiriças. O autor foi financiado pelas Nações Unidas e percorreu todos os municípios de fronteira, durante vários anos, por isso o livro nos dá uma visão de conjunto de uma problemática complexa e diversificada. Além da vida nas pequenas cidades - Oiapoque, Bonfim, Pacaraima, São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Cruzeiro do Sul, Brasiléia, Guajará Mirim e Vila Bela -, o autor apresenta aspectos pouco conhecidos da vida de comunidades ribeirinhas que vivem do extrativismo no Amapá, no Pará, no Amazonas e no Acre. Também estuda o impacto ambiental provocado pela abertura de estradas e os problemas decorrentes da presença de caminhoneiros e pequenos comerciantes nas imediações de terras indígenas, como acontece ao longo da BR-364 - em Mato Grosso e Rondônia -, da BR-174 (que liga o Amazonas e Roraima à Venezuela) e da rodovia que vai de Macapá até a fronteira da Guiana Francesa.
A pesquisa que deu origem a este livro foi solicitada pelo Ministério da Saúde e executada pelo Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares, da Universidade de Brasília, que possui um Núcleo de Estudos Amazônicos, do qual Leonardi é membro. O financiamento foi da UNESCO e do PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o autor contou com a colaboração de seis assistentes de pesquisa, que trabalharam em diferentes centros de documentação e arquivos históricos brasileiros, sob sua orientação. O objetivo principal era o de fornecer subsídios para a elaboração de uma política de prevenção da Aids nas fronteiras do Brasil.

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